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Artista do bairro leva a sua arte itinerante para o interior do país

Rogério Piva é um dos nomes mais importantes da arte circense no país. Já se apresentou em 37 países, passou pelos palcos dos maiores circos do mundo, mas tem uma missão: descentralizar a arte e leva-la até onde o povo está. Leva a vida, intensa e simples, como a música “Nos Bailes da Vida” de Milton Nascimento, “todo artista tem que ir onde o povo está, se foi assim, assim será”.

Para quem não conhece Rogério Piva, basta acessar a sua página no facebook, e de cara, começa a saber de sua trajetória. Em sua página, a frase “Da periferia, de um projeto social para ir por 37 países. Só o acesso pode garantir justiça social”.

Apresentação em comunidades na África – Divulgação

Esta é a luta de Piva, morador do bairro do Guacuri, na região da Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, faz sucesso internacional em apresentações circenses pelo mundo. Já se apresentou para o Papa Francisco, fez jornada pela África de povoado em povoado e várias apresentações em diversos circos espalhados pelo mundo.

Mostramos o poder da arte, da descentralização da arte, pois ela é um direito e deve ser acessada por todos”.

Rogério Piva

Sua maior recompensa não é o dinheiro, mas sim, o sorriso das pessoas que recebe em troca.  Segundo Piva, ser palhaço não é para qualquer um. “É preciso talento e amor pelo que faz, pois há o encantamento que desencadeia em um sorriso, e isto vale muito mais do que qualquer dinheiro. No malabares, o artista desfila talentos e encanta os presentes pela técnica”, relata.

Rogério Piva se apresenta para o Papa – Divulgação

Em 2016, o jornal O Bairro, estava começando online e a redação entrou em contato com o artista que estava viajando pela África, a matéria não foi publicada naquele momento por conta da mudança da plataforma digital.  Veja o relato de Piva:

“Sou Rogério Piva, 28 anos, artista de circo. Morador do Bairro Guacuri. Estou em uma jornada aqui pela África, sozinho, independente, me virando para dormir e comer e seguir viagem, passando de povoado em povoado fazendo meus shows nas comunidades. Já fiz show pro Papa Francisco no Vaticano; festivais e de circo pelo mundo; ganhei prêmios nacionais e internacionais e agora compartilhando o meu melhor: em vilarejos africanos”, relatou.

Piva disse ainda que recebeu ajuda de muitas pessoas que conheceu em sua jornada. “Vou fazendo os espetáculos e encontro pessoas no caminho que me dão uma força em algo. As comunidades contribuem voluntariamente com moedas, pois meus shows são gratuitos. Sempre encontro um canto para dormir sem necessitar pagar a comida, eu me viro com o que ganho, muitas vezes sou convidado a comer”, disse.

O idioma não foi problema em sua viagem. “Apesar das línguas diferentes, vou aprendendo, pois a arte se comunica por mim. Compartilho o que tenho, pois faço a difusão do circo onde ele é desconhecido e faço a inclusão social para todos terem acesso”, explicou.

“Não tem sido fácil. Lágrimas pelas noites, saudades, carência, sempre trocando de lugar, e a solidão. Mas recompenso com alegria no outro dia por me doar para essa gente”.

Rogèrio Piva

Risos e abraços – A recompensa do circo como inclusão social é o retorno que recebe de seus fãs. “E eles riem e me abraçam. São risos tão verdadeiros de uma gratidão sincera. Quando chego, eles não entendem bem, retiro minhas coisas da bolsa, como a minha sanfona, e os malabares. Daí os olhares curiosos e desconfiados surgem, mas se aproximam e em seguida fazemos um cortejo para anunciar. Assim, a festa começa. É o primeiro contato com o circo dessas pessoas, é lindo, transformador”, relembrou entusiasmado.

Apresentação na África – Divulgação

Mas a caminhada não foi tão simples. “Não tem sido fácil. Lágrimas pelas noites, saudades, carência, sempre trocando de lugar, e a solidão. Mas recompenso com a alegria no outro dia por me doar para essa gente. Estive há oito meses nessa viagem, peguei carona com um circo francês e depois o abandonei para seguir só. Estava passando pela Tanzânia quando escrevo este relato e sigo em direção a Ruanda. Compartilho um pouco dessa jornada, se interessarem em fazer alguma matéria, gostaria de compartilhar. Obrigado. Rogério Piva. 21.06.2016.”

Desde então Piva continuou a visitar vários países e recebeu mais prêmios internacionais. Hoje o artista tem um site, onde as pessoas podem conhecer melhor o seu trabalho (www.rogeriopiva.com). E, em breve pelas ruas da Zona Sul de São Paulo, na Cidade Ademar, no Guacuri, Rogério Piva se apresentará novamente, para compartilharmos sorrisos e alegrias com toda a comunidade.

“A arte é uma ferramenta de mobilização. Seja na rua, no circo, ou no teatro. A arte deve ser democrática, de acesso a todos. E deve ser mais que um entretenimento, ela deve ser um meio que possibilite as pessoas a pensarem, que impulsione o seu lado critico. Através da arte é possível levantar questões fundamentais na sociedade e desmascarar uma realidade repleta de problemas que é acobertada por televisão, futebol e carnaval”, comentou.

Viajando em povoados pelo nordeste

Fusca Pitanga – O Circo Itinerante de Rogério Piva – Divulgação

Há um ano e meio fora de São Paulo, Rogério Piva segue com seu circo itinerante pelo Brasil em seu fusca “Pitanga”. Nos últimos dias estava no interior do Rio Grande do Norte na cidade de Currais Novos, de povoado em povoado. “Viajo levando o meu espetáculo em comunidades pelo interior do país. Já me apresentei em grandes palcos. Mas comecei em projetos sociais, e é isto que devo fazer, não me esqueço de que sou um artista social”, disse.

Para Piva, a arte deve ser democratizada. “Foi o acesso à arte que me garantiu dignidade na minha vida e as possibilidades que o mundo pode me oferecer. Desenvolvi-me como malabarista e fui conhecer o mundo”, relatou. Piva diz que já tinha a vontade de viajar e descobrir o que está “entranhado” em cada caminho nas pequenas comunidades pelo interior.

Apresentação em pequeno povoado – Divulgação

“Mostramos o poder da arte, da descentralização da arte, pois ela é um direito e deve ser acessada por todos. Vamos fazer a arte chegar a todos os cantos e em cada parte deste país, pois todos somos merecedores. Isto é justiça social e histórica que sofremos. Agora, o meu destino eu não sei, amanhã vou decidir”, finalizou.

Livro relata o trabalho do artista – Parte de seu trabalho foi registrado em livro “O Diário de um malabarista – Papua Nova Guiné”, que revela sua trajetória nas comunidades na Oceania. Para garantir um exemplar, basta entrar em contato com o artista pelo facebook.

Acesse a página do artista aqui.

Veja uma matéria de uma tv local.

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