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As balas do farol

Com milhares de pessoas desempregadas, há cada vez mais gente trabalhando no mercado informal. Há ainda o aumento daquelas pessoas que vendem balas no farol, recarregador de baterias de telefones celular e crianças que são utilizadas pelos pais para ganharem trocados lavando os vidros do carro nos sinais. Agora estão surgindo uma nova leva de pessoas que ganham alguns trocados: são os malabaristas e mágicos, que durante um minuto alegram os motoristas e recebem um dinheirinho e transformam os principais semáforos da cidade em um verdadeiro ponto comercial. O lado negativo são as crianças que são exploradas nestes locais revelando à sociedade que a política social falhou em todos os aspectos, no âmbito federal, estadual e municipal. Quando uma criança bate nos vidros fechados de nossos carros, apenas balançamos a cabeça dizendo que não temos nada, no máximo, procuramos algumas moedinhas e damos as crianças. Mas também poderíamos, como sociedade exigir mais de nossos governantes por uma educação transformadora a começar com a escola que deveria acolher esta criança, pois nestes tempos de crise a …

Quem é você? Qual é o seu nome?

Quando alguém pergunta pelo meu nome, tenho o maior prazer em me apresentar. Agora, quando alguém me pergunta: “Quem é você?” É tão estranho que me sinto ofendido, pois nesta altura da vida, em uma sociedade tão cheia de números mal sabemos quem somos, por exemplo: na ficha do dentista, apareço como cliente; no restaurante, sou freguês; se alugar uma casa, sou inquilino; no ônibus, sou passageiro; na faculdade, sou estudante. Para piorar a situação, temos múltiplas identidades, quando vou ao supermercado, sou consumidor; para a Receita Federal, sou contribuinte; se não pago, sou sonegador. Nesta semana, vi que a fatura do meu cartão de crédito tinha vencido, então sou inadimplente. Ano que vem haverá eleições, então, serei eleitor; no comício, sou massa; em viagem, sou turista; na rua, caminhando, sou pedestre; se me atropelam, sou acidentado; no hospital, me transformo em paciente e para os jornais, serei a vitima. Mas, se comprar um livro, me transformo em leitor; ao ligar o rádio, serei ouvinte e para alguns institutos de pesquisas sou um mero espectador. …

Amor engessado

Não conheço nenhum ser humano que gostaria de se machucar ou ter algum osso fraturado. Sabemos que a dor é imensa, fisioterapias e sem falar da dor de cabeça em ir até o hospital, enfrentar filas para ser atendido e aguardar e aguardar até ser chamado pelo tal “Doutor”. Quando pivete… Lá da época do ginásio, atual Fundamental II, vivia com arranhões, cascas de feridas pelos cotovelos e nos joelhos, mas nunca… Nunca quebrei nada! De fato, não tenho nenhum orgulho por isso. Aliás, quem se orgulhava de se machucar era o João Carlos, quando estávamos na 6ª série. Ele tinha quebrado o pulso. E daí? Hum… A questão é que, a forma de sua narrativa como tinha se machucado, chamava atenção de todos! Era um herói. E exibia como troféu um gesso no braço esquerdo. E, o melhor é que todos escreviam ali lhe desejando boa recuperação, os amigos escreviam seus nomes, desenhos, pintura etc. Já as meninas… Ah! As meninas deixavam coraçõezinhos… Beijos de batom… Inclusive os beijos de Ana Claudia e Sônia …